Prêmio Kurt Politzer de Tecnologia
Empresa chapecoense recebe principal prêmio da indústria química nacional Kemia,...
Empresa chapecoense recebe principal prêmio da indústria química nacional
Kemia, associada à Deatec, desenvolve soluções para tratamento de efluentes, esgotos e chorume
Estimular a pesquisa e a inovação na área química do País é objetivo do Prêmio Kurt Politzer de Tecnologia. Na edição deste ano, a empresa chapecoense, associada à Associação Polo Tecnológico do Oeste Catarinense (Deatec), Kemia Tratamento de Efluentes, foi uma das vencedoras. Considerado o principal prêmio da indústria química nacional, foi lançado em 2001 pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).
O prêmio foi entregue na última semana, no Encontro Anual da Indústria Química (Enaiq), em São Paulo. Em sua 23ª edição, o evento reuniu executivos da indústria química e de outros setores industriais, autoridades do governo, pesquisadores e acadêmicos. A Kemia foi vencedora na Categoria Startups com o projeto “Reatores eletrolíticos para o tratamento de efluentes industriais de aterros sanitários e esgoto”. O objetivo é desenvolver um produto/solução para tratamento de efluentes utilizando tecnologias verdes de eletro-oxidação e eletrofloculação no intuito de tornar o processo mais eficaz, ambientalmente correto, de simples operação, econômico e sustentável.
O sócio da empresa Rafael Celuppi, relata que a pesquisa iniciou há alguns anos, junto a parceiros, e está no segundo ano de aplicação. Já foi implantado em empresas de Chapecó e do Paraná. “A indústria química representa 2,5% do PIB do Brasil e é uma das mais fortes do País. Esse prêmio detém grandes marcas e nós, com essa tecnologia, conseguimos colocar Chapecó no circuito da indústria química nacional”.
Fundada em 2016, a Kemia desenvolve soluções para tratamento de efluentes, esgotos e chorume, atuando no projeto, produto, implantação e operação do sistema. O objetivo é oferecer sistemas mais compactos, eficazes e fáceis de operar. De acordo com Celuppi, os métodos tradicionais de tratamento de efluentes geralmente demandam grandes áreas ou elevado consumo de energia elétrica. O mercado apresenta carência de tecnologias para a remoção de poluentes que conciliem baixo custo, espaço e alta eficiência.
O sistema desenvolvido pela Kemia usa eletrodos específicos. “Esses eletrodos têm princípios ativos que são acionados pela passagem de corrente elétrica para fazer o tratamento”, explica Celuppi. As principais tecnologias oferecidas são eletrocoagulação/
A Deatec apoia iniciativas que promovam a tecnologia na região, assim como incentiva as empresas a participarem de prêmios e editais. De acordo com o presidente André Telöcken, a inovação é também sinônimo de atitude para resolver problemas. “O desenvolvimento de negócios inovadores movimenta a economia regional e proporciona melhor qualidade de vida. O reconhecimento das empresas em prêmios demonstra que estamos no mesmo nível de grandes centros. O Oeste está em constante crescimento. Daqui saem soluções de ponta que atendem as mais distintas áreas em todo o Brasil”, realça.
TECNOLOGIAS
O processo de eletrocoagulação e eletrofloculação consiste em levar até o efluente uma corrente elétrica ajustada através de eletrodos metálicos, fazendo com que ocorram reações, onde o coagulante é gerado in loco por meio da oxidação eletrolítica do ânodo, obtendo-se, assim, o controle na liberação do agente coagulante formando flocos que irão flotar ou sedimentar. As vantagens são eficiência imediata, baixa geração de lodo e área de implantação reduzida.
A eletro-oxidação consiste em levar até o efluente uma corrente elétrica ajustada através de eletrodos metálicos, permitindo a formação de radicais com alto poder oxidativo, onde ocorrem várias reações. Dessas se dividem em reações de oxidação direta e indireta. Na oxidação direta a reação oxida diretamente no ânodo, enquanto a indireta forma radicais com alto poder oxidante dos quais se destacam radicais de Hidroxíla ou oxidrila (OH) e cloro ativo. O arranjo dos eletrodos são muito duradouros e mostram uma capacidade de oxidação superior à de outras tecnologias de oxidação avançada. As vantagens são a oxidação da matéria contaminante, desintoxicação/redução de toxidade e melhoria da biodegradabilidade.
O PRÊMIO
O Prêmio Kurt Politzer de Tecnologia reconhece projetos de inovação tecnológica na área química que demonstrem a inventividade e a criatividade de empresas e pesquisadores. A premiação recebeu o nome de Kurt Politzer em 2011, uma homenagem ao doutor e professor de química que colaborou por cerca de 30 anos com a Abiquim. Considerado um dos mais importantes personagens da história da química do Brasil, Kurt Politzer fez parte do Conselho Diretor da entidade e coordenou a Comissão de Tecnologia.
Além de divulgar as metodologias empregadas e capacitações existentes, o prêmio também estimula novos núcleos de inovação na indústria química. Ao longo dos anos, cerca de 30 empresas e 20 pesquisadores já foram premiados. Os trabalhos vencedores são anunciados no Encontro Anual da Indústria Química (Enaiq), realizado entre os meses de novembro e dezembro de cada ano.