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Lançando um produto: é tudo sobre pessoas

Por Nelson Monteiro

Notícia
05/06/2024 15:15
D3T Softwares Personalizados, oi@d3t.com.br

Os meus últimos 14 meses foram dedicados à construção de um produto disruptivo, com ummodelo de negócio que não existe e uma possibilidade de revolucionar o mercado. Lindo, né?


A Olli foi lançada no dia 02/05/24 e tem como objetivo democratizar o uso de automações residenciais, levando de maneira acessível para todas as casas do Brasil (e do mundo!!!!!).


Hoje, após o lançamento, fico reflexivo e até meio nostálgico sobre o processo de construção da Olli. Olhando pra trás posso ver como desde a criação do time até hoje, passamos por muitas coisas e, baseado na nossa história, tenho várias reflexões que gostaria de compartilhar.

Para organizar minhas ideias vou separar em tópicos:


Dê um motivo para as pessoas


Li em um livro recentemente um estudo que falava sobre a influência de saber a motivação de um pedido no julgamento das pessoas.

O estudo apresentava um exemplo de, quando em uma fila para usar uma máquina de xerox, o pesquisador para furar a fila:

 ”Posso furar a fila? Tenho apenas 5 páginas e estou com pressa”
“Posso furar a fila? Tenho apenas 5 páginas”


O pedido que mencionava a razão de furar a fila teve 93% de aprovação, enquanto o que apenas pedia para furar a fila teve 60% de aprovação. O motivo do pedido variou para entender se a motivação não era o que causava a concordância e foi concluído que apenas por haver um motivo isso já influenciava o ser humano a concordar com o pedido.

Ok, mas o que isso tem a ver com o desenvolvimento de produtos?


As pessoas precisam saber o que as motiva a fazerem o que fazem. Por muitas vezes é mais confortável encaminhar uma demanda para desenvolvimento e cobrar um prazo, porém, ficou evidente que como alguém que origina as atividades de um time, preciso explicar a razão de algo ser feito, despender a energia necessária para esclarecer qualquer dúvida, ouvir sugestões e, de maneira flexível, também mudar as premissas quando fizer sentido.


É simples: as pessoas querem se sentir envolvidas. Nada melhor do que de fato discutir os problemas em grupo e ouvir a todos.

Isso pode parecer óbvio, porém, foi a primeira vez que pude evidenciar o impacto disso na prática. Durante esse tempo, participei da construção de um time de desenvolvimento, onde inicialmente éramos apenas eu como PO e um desenvolvedor, e logo nos tornamos em um time de 10 pessoas. É perceptível que a equipe se tornou gradativamente mais engajada, criteriosa e com senso de propriedade do que era criado.


“Querer fazer” é sempre melhor do que “Fazer porquê tem que ser feito”, por mais que uma coisa não exclua a outra.



Pressão ≠ tensão


Em algumas experiências passadas, um prazo apertado significava um ambiente praticamente hostil, pouca conversa e muita tensão no ar. Como sou uma pessoa que precisa da interação, tenho quase um PTSD (síndrome de estresse pós traumático) quando penso nessas situações. Então o clima do time é algo que sempre dei atenção para que fosse leve e colaborativo.


Percebi de imediato quando cheguei que a construção do clima passa por coisas cotidianas como comunicação, feedbacks, reações, brincadeiras… No final, é como todo relacionamento.


Trabalhar o clima da equipe é importante para o engajamento, se as pessoas entendem o porquê de algo, o motivo do prazo existir, elas tem um propósito para fazer o que precisa ser feito. Tenho como exemplo uma demonstração de casa inteligente que a IXCSoft proporcionou na feira EFAPI em outubro de 2023: projetos que estavam acontecendo aceleraram vertiginosamente por conta do objetivo de demonstrar na feira o produto que estávamos desenvolvendo.


A própria exibição foi algo que levou programadores a construírem uma casa de demonstração instalando carpetes, passando fio, carregando móveis e vencendo a timidez para apresentar o produto que estávamos construindo.


Foram horas dentro e fora do expediente trabalhando, muito esforço envolvido, com um prazo muito apertado, porém, durante todos os momentos o clima do ambiente era divertido e colaborativo, e no final todo o esforço foi muito bem recompensado pela satisfação de ver que o que estávamos construindo fazia sentido.



 Peça ajuda e desculpas


Meu perfil é centralizador, por conta daquela necessidade de ser autossuficiente tendendo sempre a querer resolver as coisas por conta própria, porém, quem diria que construir um ecossistema de casa inteligente do zero demanda bastante tempo e expertise em diferentes áreas?


No início patinei muito tentando segurar vários pratinhos até que meu caro líder e amigo Tiago me mostrou que isso não era saudável e longe de ser ideal, me falou que eu deveria pedir ajuda.


E foi pedindo ajuda que trouxe mais gente para a nossa causa.Foram pessoas que entenderam o que estávamos construindo e engajaram com nosso propósito. Essas parcerias nos ajudaram a superar impedimentos que outrora levariam muito mais tempo, além de ganharmos mais defensores da Olli.


Tão importante quanto pedir ajuda foi pedir desculpas. 


Durante um processo de descoberta criamos inúmeras premissas que consideramos corretas, que com o tempo desmoronaram igual um castelinho de areia, inevitavelmente ouvimos um: “eu te avisei”, aí é hora de pedir desculpas e recalcular a rota.


É um fato, errar faz parte: reconhecer o erro e pedir desculpas é o que faz a pessoa te ouvir a próxima vez. A verdade é que ninguém faz nada sozinho e, quanto antes você reconhece isso, mais rápido as coisas andam.



Expectativas são uma realidade, seja transparente


Lembrete: “Mas é tão óbvio, achei que ele faria…” não pode ser proferido.


O óbvio precisa ser dito, isso é um fato.


Aprendi com a minha esposa muitos anos atrás que a minha expectativa é minha responsabilidade, portanto, ou há comunicação ou não pode haver expectativas. Como diz Neil Strauss:

“Unspoken expectations are premeditated resentments”.


Quando tratei das minhas expectativas com o time sempre tentei deixar claro o que eu esperava de cada um em cada momento, para não cair na armadilha de esperar por algo que não seria feito.


Enquanto eu me preocupava em lidar com minhas expectativas, meu papel era também entender que isso é uma faca de dois gumes: assim como eu espero algo, algo é esperado de mim. Nessa função de “gestão de stakeholders” é preciso sempre buscar entender as expectativas sobre nós, quais são as motivações de quem nos trás inputs e o que esperam do que estamos construindo.


De maneira geral, a ideia é tentar ser o máximo transparente com todos, sobre: o que se espera, o que está sendo feito e as possibilidades. Acredito que essa seja a melhor maneira de manter as expectativas alinhadas


 Por fim, é muito satisfatório poder falar sobre o que construímos, entregar um MVP e olhar para o time Olli com um sentimento de que somos capazes de fazer qualquer coisa.


Esse último ano com certeza ressignificou a minha relação com trabalho, me mostrando que ter um propósito nos faz levantar da cama de manhã feliz. Ser o responsável por conectar os pontos e exponenciar a capacidade de outras pessoas é algo que me fez muito bem e tenho certeza que encontrei “o que eu gostaria de fazer no futuro”.


Gostaria de agradecer todos que se envolveram no projeto IoT, a squad mais foda de todas que ainda vai botar um foguete na lua e todos que acreditaram um pouquinho ou um poucão na “gurizada” do iot.


And last but not least…


Snoop Dogg.. I wanna thank me.


No fim da história são pessoas que constroem produtos e por trás de alguém que se diz um profissional de produtos deve existir uma pessoa capaz de engajar, motivar e se comunicar, garantindo que todos vejam sentido no que fazem.


Estou empolgado para os próximos capítulos dessa jornada!